A vacinação contra a COVID-19 já arrancou um pouco por todo o mundo e, em Portugal, até ao momento já foram administradas mais de 600 mil doses. Quais são as indicações para os doentes com imunodeficiências primárias? Devem ser vacinados? Em que casos faz sentido a vacina? Não são perguntas fáceis de responder, até porque tudo é ainda muito recente e incerto. No entanto, a IPOPI emitiu uma comunicação recentemente, a qual resumimos neste artigo.
A vacinação contra a COVID-19 nos doentes IDP
Atualmente não existem dados suficientes que garantam a eficácia com a tolerância a médio e longo prazo das vacinas para a COVID-19. Não significa que não sejam seguras, simplesmente desconhece-se a duração e a amplitude da eficácia. Isto é válido para toda a população, incluindo os doentes com imunodeficiências primárias. No entanto, regra geral, a recomendação é que todos os doentes IDP sejam vacinados, especialmente aqueles com fatores de risco conhecidos para a COVID-19 (desde que não sejam vacinas virais vivas atenuadas). Mas, é importante que consultem o médico especialista antes de decidir tomar ou não a vacina. Além disso, a IPOPI recomenda, ainda, que todas as pessoas em contacto direto com estes doentes sejam vacinadas.
Quanto aos doentes que não respondem a vacinas por títulos mensuráveis de anticorpos (como doentes com deficiência de anticorpos, incluindo doentes com hipogamaglobulinemia profunda ou agamaglobulinemia), estes também devem ser considerados para a vacinação. As vacinas demonstraram ativar a imunidade celular através dos linfócitos T o que pode fornecer uma proteção parcial contra a COVID-19. O mesmo aplica-se a doentes que receberam uma terapia contra Linfócitos B (como rituximabe).
Doentes (incluindo crianças) com uma IDP específica, como: deficiência de AIRE (APS1 / APECED), deficiência de NFkB1 ou NFkB2, bem como doenças que levam a alterações nas vias do interferon, devem ser altamente prioritários para esta vacinação. Doentes que já tiveram COVID-19 e se recuperaram também devem receber a vacina. A evidência atual sugere que a reinfeção é pouco comum nos 90 dias seguintes à infeção, por isso, a vacinação deve ser administrada após esse período.
De forma a evitar que ocorra uma co-infeção pelo vírus da gripe ou coronavírus, a IPOPI aconselha que todos os doentes IDP e os contactos próximos sejam vacinados contra a gripe. Mais uma vez, consulte sempre o seu médico antes de tomar qualquer decisão relativamente a qualquer tipo de vacina.
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Foto de capa de Steven Cornfield.